Embarquem nas histórias de quatro mulheres que precisaram driblar a distância para viver uma história de amor
Por Kariny Grativol e Lívia Laranjeira
CONEXÃO: FOTALEZA (CE) / RIO DE JANEIRO (RJ)
Luísa Pinheiro, 31, cirurgiã-dentista
Rafael Monteiro da Cruz Silva, 28, engenheiro eletricista
Conheci o Rafa no Rio, na fila do show do REM, em 2008. Sou de Fortaleza e estava lá em férias. Quando voltei para casa, achei que tinha sido só algo bacana que tinha acontecido no Rio. São 2.800 quilômetros de distância – não é uma ponte aérea, é um viaduto aéreo. Só que, já no dia seguinte, ele passou a me mandar emails com poesias escritas por ele e músicas que tocava no violão e gravava para mim. Depois de uns 20 dias, decidimos que era namoro, mas só nos vimos de novo três meses depois. Esse foi o maior período que passamos separados.
Desde então, foram mais de 40 voos para nos vermos. Assistimos a uns dez shows de rock juntinhos, entre os quais Radiohead, Los Hermanos, Mombojó, Franz Ferdinand, Bon Jovi, Cranberries, Lenine, Paul McCartney e Roberta Sá. Juntando tudo o que gastamos em passagens e milhas até hoje, já dava para ter ido duas vezes à Europa. Mas é o dinheiro mais bem gasto que pode existir.
Ano passado, eu e o Rafa nos casamos no Circo Voador, durante o show do Belle and Sebastian no Rio. Ele tinha um rolo enorme de papel nas mãos; me disse que era um projeto de engenharia. No meio do show, ele começou a desenrolar o tal projeto, que na verdade era um cartaz em que pedia para que a banda perguntasse se eu queria casar com ele. O vocalista, Stuart Murdoch, atendeu ao pedido e, como estávamos noivos, trocamos as alianças de mão ali mesmo. Até ganhamos a medalhinha que a banda dá a quem sobe no palco para dançar, na qual está escrito “I've made it with Belle and Sebastian”.
Rafa já pediu transferência do emprego para Fortaleza e deve se mudar até o Carnaval. Muita gente fala que o relacionamento a distância é bom por causa da liberdade e porque encontros mais espaçados criam um clima ‘só love’. Francamente, é papo furado. Para mim, a melhor coisa da relação a distância é também a pior: quando estamos longe, só temos as palavras. Nietzsche escreveu em Humano, Demasiado Humano: ‘Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte de tempo é dedicada à conversa’. Então, segundo Nietzsche, estamos num bom caminho.”
MIX TAPE TO LOVERS
Inspirados na história de Luísa e Rafael, fizemos um presente musical para os dois
“Orange Crush”, REM
“Creep”, Radiohead
“Último Romance”, Los Hermanos
“Deixe-se Acreditar”, Mombojó
“Take Me Out”, Franz Ferdinand
“I’ll be There for You”, Bon Jovi
“Linger”, Cranberries
“O Último Pôr do Sol”,Lenine
“Maybe I’m Amazed”, Paul McCartney
“Fogo e Gasolina”, Roberta Sá
CONEXÃO: CASCAVEL (PR) / CEREJEIRAS (RO)
Leila, 30, contabilista
Luiz, 33, pecuarista
“Eu e Luiz nos conhecemos quando eu cursava a oitava série em Cerejeiras, Rondônia. Mal nos falávamos nessa época. Em 1998 fui fazer faculdade de informática em Cascavel, Paraná. No início de 2004, estava a passeio em Cerejeiras e acabamos ficando. Começamos um relacionamento, mas com a condição de que ele estaria restrito às férias. Quando eu voltasse a Cascavel, cada um levaria a própria vida. A distância, nossa comunicação não era muito frequente, mas a saudade era bastante grande. Uma vez, viajei três dias de ônibus até Rondônia, só para ficar dois dias lá. Meus pais não entenderam nada, mas eu não aguentava mais ficar longe dele. Voltei para Cerejeiras no início de 2006, depois de me formar, e resolvemos tentar ficar juntos. Se eu não tivesse voltado, acho que teríamos terminado. Estamos namorando até hoje e pensamos em nos casar neste ano.”
CONEXÃO: BRASIL / CHINA / NORUEGA
Priscila Ramos, 24, administradora de empresas
Giordano Bruno, 29, engenheiro eletrônico
“Trabalhávamos na mesma empresa, mas logo que nos conhecemos, em 2006, ele foi para a Noruega fazer um curso. Nosso namoro começou nesse período por Skype. Três meses depois, ele voltou ao Brasil, e nós ficamos noivos naquele mesmo ano. No fim de 2009, ele recebeu uma proposta para trabalhar na China e, por isso, ficamos outros sete meses afastados. Quando ele retornou, em julho do ano passado, finalmente nos casamos. Pedi demissão e viajei com ele para o interior da China, para uma cidade chamada Yantai. Toda adaptação tem seus problemas, ainda por cima com uma enorme barreira de idioma e uma cultura tão diferente. Mas eu queria ficar com ele e acabei me acertando, mesmo sem conseguir emprego. Depois de cinco meses, voltamos de forma definitiva ao Brasil. Como o projeto do qual ele fazia parte terminou, pudemos voltar para casa.”
CONEXÃO: NOVA FRIBURGO (RJ) / NITERÓI (RJ)
Kamila Neno, 26, gerente de marketing
Thadeu Andrade, 27, produtor musical e DJ
“Depois de quatro anos solteira, tentando ter um relacionamento saudável neste mundo louco, ele apareceu. Nós nos conhecemos pelo Facebook no ano passado. Ambos moramos no Rio de Janeiro – ele em Niterói e eu em Nova Friburgo – e somos amantes de coisas em comum: ouvir música eletrônica, ver filmes e cozinhar. Amo moda, ele adora se vestir bem. Ele gosta de tocar; eu, de dançar. Adoramos uma cerveja com amigos... O primeiro encontro foi no Rio. Fui até lá para um casamento e telefonei para ele de minuto em minuto a madrugada toda. No dia seguinte, fomos comer uma pizza. Desde então, nós nos vemos todos os finais de semana. A cada vez, voltar para casa é mais doloroso. Porém, quando nos encontramos, é uma euforia só. Planejamos morar juntos, só não sabemos onde. Estamos no início da caminhada, e ela será longa, mas de ouro! Ele é o homem da minha vida.”
LONGE DOS OLHOS
244 leitoras que já tiveram um relacionamento a distância responderam nossa enquete online sobre o tema
Quanto tempo o namoro durou?
67,6% mais de um ano
25,8% de três meses a um ano
6,6% menos de três meses
Você já abriu ou abriria mão de uma proposta de trabalho ou de estudo para não ter de morar longe dele?
53,7% NÃO
46,3% SIM
PRÓS
34% “O sexo ficava mais apimentado por causa da saudade”
32% “As conversas eram mais longas”
21,3% “Eu me sentia com mais liberdade”
12,7% “As brigas eram menos frequentes”
CONTRAS
43,4% “Lidar com a saudade”
38,5% “Não ter companhia no dia a dia”
9,4% “Controlar o ciúme”
4,5% “Sentir falta de sexo”
4,1% “Conseguir manter a fidelidade”(Matéria publicada em janeiro de 2011 na revista Criativa. Para ver o conteúdo original, clique aqui)
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