terça-feira, 2 de agosto de 2011

Questão de gosto

Pode ser um filme, uma música, um programa de TV. Certamente existe alguma coisa que você adora, mas que não é, assim, uma unanimidade. Aqui, 13 personalidades declaram esses prazeres culpados – ou sem culpa nenhuma

Por Luciana Florence e Lívia Laranjeira

FERNANDO MEIRELLES, 54, CINEASTA
“Se você prestar atenção, vai ver que Chaves é um programa de humor muito engraçado. Assisti bastante quando estava fazendo RÁ TIM BUM (programa produzido entre 1989 e 1992). Tem piadas ótimas, e o elenco também é muito bom. Bate de 10 a 0 o Seinfeld. Embora o Chavez presidente esteja tentando tomar o lugar do personagem mexicano com suas palhaçadas militarescas, o venezuelano só chega a Chapolin Colorado, que não é tão bom assim.”

GABRIEL WAINER, 26, ATOR
“É difícil admitir, mas resolvi comprar as primeiras temporadas da animação japonesa Cavaleiros do Zodíaco. A série conta a história de jovens guerreiros guiados pelas constelações, protetores da deusa da sabedoria, da paz e da guerra. Além de misturar filosofia oriental com mitologia grega, são 15 capítulos de puro Kill Bill com bastante ação e drama. Foi o desenho animado que marcou a passagem da minha infância para a adolescência. Continuo curtindo muito.”

VERA EGITO, 28, CINEASTA
“Meu prazer culpado é o Facebook. Acho supercafona essa coisa de ficar dando detalhe da própria vida ou prestando atenção na vida dos outros. Mas tenho de confessar que não resisto e, às vezes, me pego apreciando as fotos das férias na Bahia do amigo do amigo do amigo. Sem noção.”

CHUCK HIPOLITHO, 32, MÚSICO
“Existe um filme que está no meu top 5 de todos os tempos: Um Príncipe em Nova York (1988), com o Eddie Murphy e Arsenio Hall. Cada vez que assisto, acho mais engraçado. Para mim, está ao lado de filmes como Apocalypse Now (1979) e 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968). Sério.”

PEDRO ANDRADE, 31, APRESENTADOR DO MANHATTAN CONNECTION, DO CANAL GNT
“Sempre tive um gosto peculiar quando o assunto era programação televisiva. Apesar de ler muito e acompanhar jornais, curtia assistir a programas trash. Hoje em dia adoro resgatar essas relíquias no YouTube: Show de Calouros, Clube do Bolinha, Chaves, Chacrinha e Mara Maravilha. Tudo com um look cafona e uma pitada de nostalgia tem muito mais graça.”

JULIANA PAES, 31, ATRIZ
“Adoro ouvir um sambinha bem alto no domingo, à beira da piscina. As pessoas falam: ‘Ai, ouvir samba e pagode?’. Mas eu gosto, acho tão bom. Boto nas alturas mesmo. O vizinho reclama, mas isso me dá uma sensação de que, apesar de qualquer problema, está tudo certo, tudo tranquilo. É um hábito que eu tenho há muito tempo e que, agora, meu marido compartilha também.”

JORGE FURTADO, 51, CINEASTA
“Não tenho preconceitos contra nenhum gênero artístico e não me sinto culpado por prazer algum. Mas, para entrar na brincadeira, acho muito interessantes as capas dos livros e das revistas pulp, especialmente as dos anos 40, 50 e 60. São geralmente ilustrações eróticas, apelativas, com muitas cores e clichês, preconceituosas, algumas belíssimas, outras engraçadas. São quase sempre um resumo da história, verdadeiras aulas de síntese narrativa. Algumas editoras empregavam grandes artistas, como Robert McGinnis, Greg Hildebrandt ou o brasileiro José Luiz Benício.”

OSCAR FILHO, 31, REPÓRTER DO CQC
“Eu gosto de usar meia branca com o terno do CQC. Sempre usei meia branca de algodão e acho muito confortável. Mas a moral e os bons costumes me dizem que isso é errado e rejeitado pela sociedade. Mas eu gosto. E podem me chamar de Michael Jackson! Não estou nem aí.”

FERNANDA TAKAI, 39, VOCALISTA DO PATO FU
“Gosto muito de assistir ao programa Mayday: Desastres Aéreos. Mesmo viajando sempre de avião, tenho muita curiosidade em descobrir como começam as sequências de erros que geralmente envolvem os grandes acidentes. O programa passa no National Geographic, toda segunda, às 23h. Já dá para perceber que não tenho o menor medo de avião.”

FERNANDO CARUSO, 29, APRESENTADOR DO DE CARA LIMPA, PROGRAMA DO MULTISHOW
“Meu prazer proibido é quadrinhos. Sei que não há nada de muito errado nisso, mas confesso que me senti um pouco culpado quando minha mala chegou a 50 kg na volta do Comic Con, em San Diego, no ano passado. Mas só um pouco.”

BEL COELHO, 30, CHEF DO RESTAURANTE DUI
“Meu prazer culpado é raspar panela. Como cozinheira é um perigo, né? Imagine se eu fosse raspar todas as panelas gostosas que aparecem. Então, eu me apego ao que realmente vale a pena: brigadeiro ou doce de leite. Aí, eu não deixo escapar mesmo. Colher de pau nas mãos e raspo tudinho.”

CAROLA SAAVEDRA, 37, ESCRITORA
“Há um momento em que meu lado trash surge com força total: quando sofro por amor. Passo então horas ouvindo antigos boleros, de preferência na voz de Chavela Vargas. Afinal, nada mais brega do que sofrer por amor.”

JOELMA, 36, CANTORA DA BANDA CALYPSO
“Na minha adolescência, eu ouvia muita música americana e não entendia uma palavra de inglês. Acho que por isso acabei me apaixonando mais pela melodia e pelo timbre de voz das cantoras. Eu raramente me ligo nas letras. A música ‘Em Plena Lua de Mel’, do Reginaldo Rossi, me toca. Acho a letra horrível, mas sou apaixonada pela melodia.”

(Matéria publicada em janeiro de 2011 na revista Criativa. Para ver o conteúdo original, clique aqui)

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